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Turismo Gastronômico no Brasil: 4 cidades que transformam sabores em cultura e desenvolvimento

- 7 minutos de leitura

Belém, BH, Florianópolis e Paraty se destacam como destinos criativos reconhecidos pela Unesco

No Brasil, comida é mais do que sustento — é história, afeto, identidade. Em um país de sabores tão diversos, algumas cidades se destacam por transformar ingredientes locais em experiências culturais únicas. É o caso de Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC) e Paraty (RJ), que integram a Rede de Cidades Criativas da Gastronomia da Unesco.
Mais do que um título, esse reconhecimento internacional fortalece o turismo gastronômico, estimula a economia local e valoriza saberes tradicionais. Neste artigo, exploramos o que torna cada uma dessas cidades tão especial — e tão saborosa.



Belém (PA): Amazônia servida à mesa


Primeira cidade brasileira a conquistar o selo da Unesco, em 2015, Belém transformou a gastronomia amazônica em patrimônio cultural vivo. Pratos como o tacacá, a maniçoba e o açaí original (sem açúcar e com farinha) encantam turistas que vêm de todas as partes do mundo para provar sabores que só existem na região.
Além da originalidade dos ingredientes, a cidade aposta na alta gastronomia com raízes indígenas e caboclas. Restaurantes como o Amazônia na Cuia mostram que é possível unir tradição, sofisticação e sustentabilidade. Segundo o chef Rafael Barros, 55% do público hoje é formado por turistas curiosos e apaixonados pela cultura paraense.



Belo Horizonte (MG): Tradição mineira em cada colherada


A capital mineira entrou para a Rede em 2019, e sua candidatura foi construída de forma colaborativa. O empresário Ricardo Rodrigues, dono do tradicional restaurante Maria das Tranças, teve papel de destaque no processo. Na época, ele presidia a seccional mineira da Abrasel, que articulou junto ao poder público e outras entidades do setor a candidatura da cidade.

“Nós percebemos que só seria possível conquistar esse título com união. A primeira tentativa falhou por falta de articulação. Na segunda, reunimos o setor, a prefeitura, os festivais e mostramos à Unesco o que é a gastronomia mineira”, relembra.

Segundo ele, a chancela impactou diretamente o turismo. “Belo Horizonte passou a ser incluída nos roteiros de turismo gastronômico. Hoje, pessoas de outros estados e países visitam Minas com esse propósito”, afirma. Para representar a cidade, Ricardo escolhe o frango ao molho pardo, prato servido no Maria das Tranças há 75 anos: “É história, tradição e sabor. E ainda emociona clientes que vêm aqui há décadas.”

E não tem dúvidas ao afirmar: “Me perdoem as outras gastronomias, mas a mineira é inconfundível. É base para muitas outras do país.”

LGPD em bares e restaurantes



Florianópolis (SC): Entre o mar e a cultura açoriana


Floripa entrou para a Rede da Unesco em 2014 e se destaca pela valorização dos ingredientes regionais e do modo de vida tradicional. A cultura açoriana, a pesca artesanal e a biodiversidade local formam a base da cozinha da cidade.
Frutos do mar frescos, butiá, mandioca e taioba são ingredientes que ganham protagonismo em pratos que conectam o visitante à natureza e à cultura local. A capital catarinense tem investido em projetos sustentáveis e eventos gastronômicos que reforçam sua identidade e impulsionam o turismo de experiência.



Paraty (RJ): Sabores de uma história viva


Paraty recebeu o selo da Unesco em 2017 e se diferencia pela riqueza cultural de sua gastronomia. Ali, a mistura de tradições indígenas, quilombolas e caiçaras dá origem a uma culinária diversa, saborosa e cheia de significado.
Além do centro histórico e das paisagens naturais deslumbrantes, a cidade oferece festivais gastronômicos e feiras culturais que colocam a comida como protagonista da experiência turística. Em cada receita, um pedaço da história local é servido — e celebrado.



O que é a Rede de Cidades Criativas da Gastronomia?


Criada pela Unesco, essa rede reconhece cidades que usam a gastronomia como motor de desenvolvimento sustentável, inclusão social, educação e valorização cultural. Para integrar o grupo, é necessário comprovar ações públicas, programas de capacitação e apoio a toda a cadeia produtiva da alimentação.
No Brasil, as quatro cidades reconhecidas mostram como o turismo gastronômico pode transformar realidades e gerar conexões autênticas com os visitantes. Em vez de apenas provar pratos típicos, o turista se envolve com o território, aprende com as tradições e leva consigo memórias que vão além do paladar.



Conclusão: Comer bem é só o começo


Belém, BH, Florianópolis e Paraty não são apenas destinos de viagem — são experiências vivas de cultura, história e inovação. Ao valorizar os ingredientes locais e os saberes ancestrais, essas cidades provam que a comida pode (e deve) ser uma poderosa ferramenta de transformação.
Se você busca roteiros autênticos, saborosos e cheios de identidade, aposte no turismo gastronômico e coloque essas cidades no seu próximo itinerário. Afinal, nada representa melhor um lugar do que aquilo que se serve à mesa.

Artigo desenvolvido pela Abrasel

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