taxa de desperdicio

A cobrança de taxa de desperdício busca reduzir o desperdício de alimentos, mas requer atenção para ser aplicada corretamente.

Em um setor que enfrenta desafios como o aumento dos custos operacionais e a necessidade de adotar práticas mais sustentáveis, a cobrança de taxa por desperdício em restaurantes continua sendo um tema polêmico. A iniciativa pretende desestimular o desperdício, mas precisa ser conduzida com cuidado para atender às exigências legais e éticas, evitando conflitos com o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Segundo o CDC (Lei nº 8.078/1990), os direitos dos consumidores são protegidos, e nenhuma cobrança extra pode ser feita sem aviso prévio. Para que a taxa de desperdício seja válida, ela deve estar claramente informada no cardápio ou em avisos visíveis no estabelecimento, garantindo que o cliente seja informado antes de consumir.

Embora a prática seja permitida em tese, Adriana Lara, especialista dos Segurança dos Alimentos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), destaca que há alternativas eficazes para reduzir o desperdício sem recorrer a medidas punitivas. Entre elas estão o controle rigoroso de estoque, adoção de fichas técnicas atualizadas e capacitação periódica da equipe. 

“O PVPS (primeiro que vence é o primeiro que sai) e a reposição de alimentos em pequenas porções são estratégias fundamentais para minimizar perdas desnecessárias”, destaca Adriana.

 

 

Taxa de Desperdício na prática:

No Beggiato Restaurante, em Belo Horizonte, a proprietária Fernanda Beggiato opta por não adotar a cobrança de taxa de desperdício. Para ela, o formato self-service por quilo já incentiva os clientes a se servirem de forma consciente.

“O maior desafio é encontrar o equilíbrio entre não deixar faltar comida e evitar sobras, principalmente no final do expediente, quando fazemos reposições menores”, explica Fernanda.

O restaurante também adota práticas sustentáveis, como o reaproveitamento de cascas e aparas em receitas criativas. “O chá de casca de abacaxi é um sucesso por aqui”, comenta.

Apesar disso, ainda há desafios, como o custo elevado e a logística para separar resíduos orgânicos. Fernanda enfatiza que, mesmo com limitações, materiais recicláveis como papelão, PETs e latas são separados, embora o espaço limitado para armazenagem seja uma dificuldade constante.

A conscientização dos clientes também é essencial para reduzir o desperdício. Adriana Lara, da Abrasel, sugere ações como incluir mensagens educativas nos cardápios e cartazes. Essas iniciativas não apenas diminuem o desperdício, mas também reforçam a imagem sustentável do restaurante.

O debate em torno da taxa de desperdício mostra que a solução vai além da cobrança. É preciso investir em um conjunto de práticas que promovam eficiência, sustentabilidade e uma boa relação com os clientes.

Assim, bares e restaurantes podem optar pela cobrança de taxa de desperdício, mas é fundamental adotar estratégias para reduzir perdas e fortalecer sua reputação no mercado.

*Texto produzido pela Agência de Notícias da Abrasel.

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